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Memória

Praia do Flamengo 132

Praia do Flamengo, 132: um endereço especial

Sede histórica da UNE no Rio revela marcos da trajetória da entidade

Praia do Flamengo, 132, Rio de Janeiro (RJ). Esse endereço tem grande significado para os estudantes brasileiros: ali funcionou a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), epicentro da força do movimento estudantil no país.

Em 1942, em meio aos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, os estudantes ocuparam o prédio onde funcionava o Clube Germânia. Ainda naquele ano, o presidente Getúlio Vargas formalizou a doação do imóvel para a entidade, que instalou ali o primeiro restaurante estudantil do país.

Até o golpe de 1964, o endereço foi cenário de importantes lutas nacionais, como a campanha “O Petróleo é Nosso”, que precedeu a criação da Petrobras. Foi lá também que, nos anos 1960, artistas como Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (1936-1974), Ferreira Gullar e Cacá Diegues fundaram o CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE, referência para o movimento cultural estudantil.

O prédio foi incendiado em abril de 1964, um dia depois do golpe militar, e foi demolido pelos militares na década de 1980, durante o renascimento do movimento estudantil na esteira da reabertura política.

Jorge Luis Guedes, que presidiu a UNE no biênio 1968-1969, relembra aquela noite de abril de 1964. “Tivemos uma noite de trevas. Eles vieram, tocaram fogo, tacaram tudo na rua e destruíram”, conta. “Depois, em 1980, vieram destruir o prédio. Foi uma tristeza.”

RETOMADA DO TERRENO

Em fevereiro de 2007, milhares de estudantes de todo o país marcharam em direção ao número 132 da Praia do Flamengo, derrubaram os portões do estacionamento irregular que funcionava ali e ocuparam o local com barracas e tendas.

A passeata cuja apoteose foi a retomada do terreno marcou o encerramento da 5a Bienal de Arte e Cultura da UNE e teve a participação estimada em 5.000 pessoas, entre ex-presidentes da UNE e da UBES, artistas, intelectuais e moradores do Rio de Janeiro.

Gustavo Petta, presidente da UNE à época, lembra que havia um clima de euforia e apreensão no ar. “Estávamos emocionados e nos sentindo protagonistas de um momento histórico para o Brasil, mas também preocupados com a reação dos posseiros que haviam se apropriado ilegalmente daquele lugar por anos e que ganhavam muito dinheiro irregular ali”, relembra.

O acampamento permaneceu no local por mais de um ano, até os estudantes conseguirem a posse definitiva do terreno na Justiça. Durantes este período, a ocupação recebeu a visita de personalidades da política e da cultura e de apoiadores anônimos que declaravam apoio à campanha “UNE de volta para casa”.

Em 2008, o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva esteve no terreno e anunciou que enviaria um projeto ao Congresso Nacional propondo indenização do Estado brasileiro aos estudantes pela demolição de sua sede, perseguição política, torturas e mortes na ditadura.

Em 2010, o projeto foi aprovado por unanimidade no Legislativo, com votos de parlamentares de todos os partidos.

Em dezembro daquele ano, a UNE lançou a pedra fundamental da reconstrução do novo prédio, projetado por Oscar Niemeyer. A cerimônia no histórico endereço contou com a presença do presidente Lula.

O prédio projetado por Niemeyer terá 13 andares e nele serão construídos o Museu da Memória do Movimento Estudantil, um centro cultural e o teatro dos estudantes.

A obra está prevista para ser entregue em 2016, ano em que o Rio de Janeiro receberá os Jogos Olímpicos.

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